ONU declara 2025 como o Ano Internacional das Geleiras

As geleiras são responsáveis por fornecer água doce para mais da metade da humanidade.

Lagoa glacial na Islândia.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) lançaram oficialmente o Ano Internacional para a Preservação das Geleiras para criar um marco nos esforços globais para proteger as formações hídricas.

As geleiras são essenciais para fornecer água doce a mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo. Eles dependem da neve e do gelo das montanhas para o reabastecimento necessário para “sustentar os ecossistemas, a agricultura, a energia, a indústria e a água potável”, disse John Pomeroy, co-presidente do Conselho Consultivo.

A preservação das geleiras é relevante para a sustentabilidade ambiental, a estabilidade econômica e a salvaguarda dos serviços culturais e dos meios de subsistência.

O derretimento das geleiras afeta a todos: pessoas que vivem em áreas costeiras afetadas pelo aumento do nível do mar, os que vivem em áreas de alta montanha mais propensas aos riscos das inundações, deslizamentos de terras e avalanches e os habitantes de de áreas a jusante deque dependem destas reservas para o abastecimento de água.

As geleiras são frequentemente chamadas de “torres ou reservatórios de água do mundo” porque fornecem água doce para mais da metade da humanidade e armazenam cerca de 70% dela. Essas formações de gelo cobrem aproximadamente 700.000 km² da Terra.

A OMM confirmou recentemente que 2024 foi o ano mais quente já registrado e emitiu repetidos alertas vermelhos sobre o estado do nosso clima”, disse Celeste Saulo, secretária-geral da OMM. Saulo explicou que “em 2023, as geleiras sofreram a maior perda de massa nas cinco décadas de registros”. Foi o segundo ano consecutivo em que todas as regiões glaciais do mundo registraram perdas de gelo.

O derretimento de geleiras, neve e gelo resulta em um aumento de curto prazo em deslizamentos de terra, avalanches, inundações e secas. Mas, a longo prazo, eles representam uma ameaça à segurança do abastecimento de água para bilhões de pessoas.

À medida que as geleiras das montanhas recuam, a disponibilidade e a qualidade da água a jusante são alteradas, o que tem consequências para os ecossistemas aquáticos e vários setores, como agricultura e energia hidrelétrica.

A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o Ano Internacional para a Preservação das Geleiras em dezembro de 2022 e estabeleceu o dia 21 de março como o Dia Mundial das Geleiras. O objetivo é aumentar a conscientização sobre o papel que as geleiras, a neve e o gelo desempenham no sistema climático, bem como os impactos de longo alcance do rápido derretimento e seus efeitos nas economias e comunidades.

“Estamos confiantes de que esta iniciativa mobilizará a comunidade global, inspirará ações e impulsionará as políticas e soluções necessárias para proteger esses recursos naturais inestimáveis”, disse Bahodur Sheralizoda, presidente do Comitê de Proteção Ambiental do Tajiquistão.

Esta iniciativa se concentra em várias áreas, que a OMM descreveu como “críticas”. Primeiro, busca expandir os sistemas globais de monitoramento de geleiras para melhorar a coleta e análise de dados. Além disso, espera-se desenvolver sistemas de alerta precoce para riscos e promover a gestão sustentável dos recursos hídricos em regiões dependentes de geleiras.

Outro objetivo desta iniciativa é preservar o patrimônio cultural e o conhecimento tradicional relacionado aos ambientes glaciais e envolver os jovens nos esforços de preservação.

As geleiras representam cápsulas do tempo congeladas que contêm arquivos insubstituíveis da história humana, ambiental e climática, fornecendo aos cientistas dados inestimáveis sobre padrões climáticos históricos, composição atmosférica e até atividade humana ao longo de milhares de anos.

O desaparecimento destes ameaça não apenas a segurança hídrica, mas também a perda de ecossistemas únicos e da biodiversidade que evoluiu nesses ambientes especializados.

Para os povos indígenas da Ásia, América Latina, Pacífico e África Oriental, as geleiras têm um profundo significado cultural e espiritual. Estes são frequentemente considerados espaços sagrados e morada de divindades. A perda dessas formações de gelo significaria o desaparecimento de lugares fundamentais para o patrimônio cultural e práticas espirituais que foram reconhecidos pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Glacial Perito Moreno.

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